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Numa manhã clara, Buda passeava-se nos céus, à beira do lago da Flor de lótus, e meditava sob a morna carícia do sol. Ao debruçar-se sobre a água do lago, avistou nas profundezas borbulhantes de Nakara (o inferno) um homem que se debatia furiosamente, e parecia chamar por socorro. Buda reconheceu-o imediatamente. Era um homem chamado Kantuka, um ladrão, um debochado, um assassino abominável que ele tinha encontrado na sua passagem terrestre. Buda é a infinita compaixão. Lembrou-se que uma vez na vida, este Kantuka tinha manifestado um pouco de bondade. Uma grande aranha tinha pousado na sua sandália; em vez de a esmagar, ele tinha-a poupado e seguido o seu caminho.
Vou ajudá-lo, pensou Buda, por esse gesto de compaixão. Quem sabe, talvez ainda haja uma réstia de generosidade neste infeliz. Agarrou então num fio de teia de aranha e fê-lo descer no lago em direcção a Kantuka. O fio transformou-se numa corda de prata, e o bandido agarrou-se solidamente a ela. Começou a subir. A ascensão era difícil. Kantuka empregava todas as suas forças. Agarrava-se com as mãos, os joelhos, os pés, suando e arfando. Em breve avistou uma nesga de céu azul acima da cabeça. Redobrava de esforços, quando deitou uma olhadela para o fundo. Horror! Uma dezena dos seus antigos companheiros agarravam-se à corda de prata e esforçavam-se por sua vez a tentar subir.
Esta corda é capaz de não ser suficientemente forte para nos aguentar a todos, pensou Kantuka. Lembrou-se então que tinha guardado num bolso secreto a sua faca de assassino. "Vou cortar esta corda, pensou, e desembaraçar-me deles." Mal tinha formulado este pensamento quando a corda de prata se partiu acima dele, e voltou a cair para sempre nos Infernos.
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