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O Zen segue sempre em frente. Não dá explicações, apenas sugere. É conhecido o famoso episódio do discípulo que interroga o mestre:
"Qual é a verdadeira natureza do Buda? — O cipreste no pátio."
O Zen une o visível e o invisível, o quotidiano humilde e a realidade final, o relativo e o absoluto. O "cipreste no pátio", a flor à nossa frente, a pedra sob os nossos passos são os caminhos que levam para além do além do mais além.
Numa bela tarde de Primavera, um mestre zen volta duma caminhada. O tempo está delicioso, nem quente, nem frio, um tempo de equilibrio e de encanto com o qual a alma espontaneamente se harmoniza. Sopra um ligeira brisa e, chegando ao portão do mosteiro, o mestre constata que o estandarte com a efígie do Buda ondula docemente ao vento. Dois jovens noviços estão plantados diante dele.
"É o estandarte que se agita!
Não, é o vento!
Segundo a boa doutrina, o que importa é o que vemos diante de nós agora. E é o estandarte, ele agita-se!
De maneira nenhuma, a tua visão está errada, porque a agitação do estandarte não é senão consequência do vento, é ele a causa primeira, a realidade para além da aparência.
Mas a existência do vento é uma hipótese!
O estandarte não se agita sem motivo, a sua realidade é constitutiva do vento!
Pura especulação!
Evidência!
Não, de maneira nenhuma!
Mas sim!"
Os dois monges exaltam-se, o que não passava duma tranquila conversa torna-se uma disputa, uma batalha. Pouco falta para que se batam. É então que avistam o mestre do templo, que os olha impassível. Um pouco confusos, apelam para ele:
"Mestre, é o estandarte que se agita, é o vento?
Não é o estandarte, não é o vento, é o vosso espírito que se agita."
"O Zen é um mistério. No momento em que um pensamento o toca, desaparece.
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