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Beber Chá

por Yoga Leiria, em 30.05.20

Temos que estar totalmente despertos para apreciar o chá como deve ser. Temos que estar no momento presente. Apenas com a consciência no presente, as nossas mãos podem sentir o agradável calor da chávena. Apenas no presente podemos apreciar o aroma, sentir a doçura e saborear a delicadeza. Se estamos a lembrar o passado ou preocupados com o futuro, perdemos por completo a experiência de apreciar a chávena de chá. Olharemos para a chávena e o chá terá já terminado.

A vida é assim. Se não estamos totalmente no presente, quando olharmos à nossa volta esta terá desaparecido.

Quando pararmos de pensar no que já aconteceu, quando pararmos de nos preocupar com o que poderá nunca vir a acontecer, então estaremos no momento presente. Só então começaremos a experimentar a alegria de viver...

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publicado às 18:27


Mais Devagar

por Yoga Leiria, em 01.05.20

Um jovem atravessou o Japão em busca da escola de um famoso praticante de artes marciais. Chegando ao dojo, foi recebido em audiência pelo Sensei.

- O que você quer de mim ? perguntou-lhe o mestre

- Quero ser seu aluno e tornar-me o melhor karateca do país. Quanto tempo preciso estudar ?

- Dez anos, pelo menos.

- Dez anos é muito tempo  respondeu o rapaz . E se eu praticasse com o dobro da intensidade dos outros alunos ?

- Vinte anos.

- Vinte anos!  E se eu praticar noite e dia, dedicando todo o meu esforço ?
- Trinta anos.

- Mas, eu lhe digo que vou dedicar-me em dobro, e o senhor me responde que a duração será maior ?

- A resposta é simples. Quando um olho está fixo aonde se quer chegar, só resta um para se encontrar o caminho.

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publicado às 21:50


O inferno e o céu

por Yoga Leiria, em 28.03.20

Atacado na própria honra, o samurai teve um acesso de fúria e, sacando da bainha sua espada, berrou:

- Eu poderia matar-te por tua impertinência!

- Isso é o Inferno – respondeu o Mestre

Espantado por ver a verdade no que o mestre dizia, o samurai embainhou a espada e sorriu, fazendo-lhe uma reverência

- E isso é o Céu – disse o Mestre. 

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publicado às 19:51


Atravessar o Rio

por Yoga Leiria, em 25.02.20

Dois monges viajavam juntos por um caminho lamacento. Chovia torrencialmente o que dificultava a caminhada.  A certa altura, tinham que atravessar um rio, cuja água lhes dava pela cintura. Na margem estava uma moça que parecia não saber o que fazer:

- Quero atravessar para o outro lado, mas tenho medo.

Então o monge mais velho carregou a moça às suas cavalitas para a outra margem. Horas depois, o monge mais novo não se conteve e perguntou:

- Nós, monges, não nos devemos aproximar das mulheres, especialmente se forem jovens e atraentes. É perigoso. Por que fez aquilo?

- Eu deixei a moça lá. Você ainda a está carregando?

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publicado às 16:14


Chávena de Chá

por Yoga Leiria, em 27.11.19

Um professor de filosofia foi ter com um mestre zen, Nan-In, e fez-lhe perguntas sobre Deus, o nirvana, meditação e muitas outras coisas. O Mestre ouviu-o em silencio e depois disse.

- Pareces cansado. Escalaste esta alta montanha, vieste de um lugar longínquo. Deixa-me primeiro servir-te uma chávena de chá.

O Mestre fez o chá. Fervilhando de perguntas, o professor esperou. Quando o Mestre serviu o chá encheu a chávena do seu visitante e continuou a enche-la. A chávena transbordou e o chá começou a cair do pires até que o seu visitante gritou:

- Pára. Não vês que o pires está cheio?

- É exactamente assim que te encontras. A tua mente está tão cheia de perguntas que mesmo que eu responda não tens nenhum espaço para a resposta. Sai, esvazia a chávena e depois volta.

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publicado às 12:21


Sons Inaudíveis

por Yoga Leiria, em 01.10.19

Um rei mandou seu filho estudar no templo de um grande Mestre, com o objectivo de prepará-lo para ser uma grande pessoa. Quando o príncipe chegou ao templo, o Mestre o mandou sozinho para uma floresta. Ele deveria voltar um ano depois, com a tarefa de descrever todos os sons da floresta. Quando o príncipe retornou ao templo, após um ano, o Mestre lhe pediu para descrever todos os sons que conseguira ouvir. Então disse o príncipe:

- Mestre, pude ouvir o canto dos pássaros, o barulho das folhas, o alvoroço dos beija-flores, a brisa batendo na grama, o zumbido das abelhas, o barulho do vento cortando os céus...

E ao terminar o seu relato, o Mestre pediu que o príncipe retornasse à floresta, para ouvir tudo o mais que fosse possível. Apesar de intrigado, o príncipe obedeceu a ordem do Mestre, pensando:

- Não entendo, eu já distingui todos os sons da floresta...

Por dias e noites ficou sozinho ouvindo, ouvindo, ouvindo... mas não conseguiu distinguir nada de novo além daquilo que havia dito ao Mestre. Porém, certa manhã, começou a distinguir sons vagos, diferentes de tudo o que ouvira antes. E quanto mais prestava atenção, mais claros os sons se tornavam. Uma sensação de encantamento tomou conta do rapaz. Pensou:

- Esses devem ser os sons que o Mestre queria que eu ouvisse...

E sem pressa, ficou ali ouvindo e ouvindo, pacientemente. Queria Ter certeza de que estava no caminho certo. Quando retornou ao templo, o Mestre lhe perguntou o que mais conseguira ouvir.

Paciente e respeitosamente o príncipe disse:

- Mestre, quando prestei atenção pude ouvir o inaudível som das flores se abrindo, o som do sol nascendo e aquecendo a terra e da grama bebendo o orvalho da noite...

O Mestre sorrindo, acenou com a cabeça em sinal de aprovação, e disse:

- Ouvir o inaudível é ter a calma necessária para se tornar uma grande pessoa. Apenas quando se aprende a ouvir o coração das pessoas, seus sentimentos mudos, seus medos não confessados e suas queixas silenciosas, uma pessoa pode inspirar confiança ao seu redor; entender o que está errado e atender às reais necessidades de cada um."

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publicado às 22:09


Modo correcto

por Yoga Leiria, em 28.08.19

Um Monge de grande devoção e instruído, atravessava uma vez um rio em um barco quando ao passar ao lado de uma pequena ilhota, ouviu uma voz de um homem que muito torpemente tentava elevar suas preces. No interior do monge não pode mais que entristecer-se.

- Como era possível que alguém fora capaz de entoar tão mal aqueles mantras? Talvez aquele homem ignorava que os mantras deviam ser recitados com entonação adequada, com ritmo e musicalidade precisas, com pronuncia perfeita.

Decidiu então ser generoso e desviando-se de seu rumo aproximou-se a ilhota para instruir aquele homem sobre a importância da correcta execução dos mantras. Não era em vão que se considerava um frande especialista e aqueles mantras não tinham para ele qualquer segredo. Quando desembarcou a ilhota, pode ver um pobre homem de aspecto sossegado cantando alguns mantras um pouco sem acerto. O monge, com serena paciência, dedicou algumas horas a instruir minuciosamente a aquele indivíduo que a cada momento mostrava efusivas mostras de agradecimento a seu instrutor. Quando entendeu que por fim aquele sujeito poderia recitar os mantras com certa capacidade despediu-se dele, advertindo-lhe:

- E lembre-se meu bom amigo, é tal a potência de estes mantras que sua correcta pronuncia permite que um homem seja capaz de caminhar sobre as aguas.

Mas apenas havia percorrido alguns metros com seu barco, ouviu a voz daquele homem a recitar os mantras ainda pior que antes.

- Que horror. Há pessoas que são incapazes de aprender nada de nada, assim pensou o monge.

- Hey, monge - escutou atrás de si uma voz muito perto.
Ao voltar-se viu ao pobre homem que, caminhando sobre a as águas, aproximava-se de seu barco e perguntava:

- Nobre monge, já esqueci-me tua instruções sobre o modo correcto de recitar os mantras. Serias, tão amável de repeti-lo novamente?

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publicado às 15:17


Atire a vaca no precipício

por Yoga Leiria, em 28.04.19

Quando o Mestre e discípulo peregrinavam por distantes pastagens, certa vez foram acolhidos por uma família pobre, muito simpática mas que vivia em condições de miséria. Embora fossem boas pessoas, seus recursos materiais eram muito limitados. Sustentavam-se graças à sua uma vaca magricela que fornecia o leite para se alimentarem e o pouco que sobrava vendiam para ganhar uns trocos. Na hora da despedida, o discípulo com pena daquelas pessoas perguntou ao mestre se não podiam fazer nada por eles. O Mestre em sua sabedoria disse:

- Atire a vaca pelo precipício.

- Mas Mestre ...

- Atire a vaca no precipício ou suma com ela! - disse o Mestre.

O discípulo, sem compreender a intenção do Mestre cumpriu seus desígnios ainda que muito contrariado. E assim a família ficou sem a vaca.

Os anos se passaram e o discípulo, cheio de remorsos pelo que fizera, não voltou a ter paz. Para se redimir e pedir perdão à família resolveu voltar àquela região. Mas para seu espanto não conseguiu reconhecer a região. Onde antes havia uma região árida, encontrou terras cultivadas. Próximo de onde era o casebre encontrou um palacete. Angustiado supôs que a família fora obrigada a vender a casa e o terreno, pois já não tinham a vaca para sobreviver. Aproximou-se da bela casa e encontrou seus proprietários na piscina, divertindo-se. Para seu espanto verificou que estas eram as mesmas pessoas que antes encontrara, agora com aparência mais saudável e feliz. Sem entender nada, o discípulo perguntou que milagre tinha ocorrido naquele lugar. Com um sorriso no rosto o pai respondeu:

- Milagre, nada! Um dia nossa vaca desapareceu. Tivemos de procurar um novo meio de subsistência. Trabalhámos muito e procurámos formas alternativas. Ao longo dos tempos fomos prosperando.

Então o Discípulo compreendeu a sabedoria do Mestre.

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publicado às 05:27


Perguntas vãs

por Yoga Leiria, em 01.04.19

Um discípulo confuso via que muitas perguntas golpeavam sua mente. Um dia decidiu perguntar a seu mestre sobre a que mais lhe atormentava:

- Mestre, como saberei quando estou realmente no caminho da libertação interior?

- Saberás que estás na senda da libertação interior quando já não faças esse tipo de perguntas - respondeu o mestre.

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publicado às 11:01


O Sábio Árabe

por Yoga Leiria, em 01.03.19

Aos vinte anos tinha uma oração: ”Meu Deus, ajuda-me a mudar este mundo tão insustentável, tão impiedoso”. E durante os vinte e um anos seguintes, lutei como uma fera para constatar que afinal nada tinha mudado.

Aos quarenta anos, tinha apenas uma oração: “Meu Deus, ajuda-me a mudar a minha mulher, os meus pais e os meus filhos!” Durante vinte anos, lutei como uma fera para no final constatar que nada tinha mudado.

Agora sou um homem velho e apenas tenho uma oração: “Meu Deus, ajuda-me a mudar-me”. E eis que o mundo à minha volta muda!

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publicado às 07:58


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